A BRINCADEIRA DE PAPÉIS SOCIAIS E O DESENVOLVIMENTO DA IMAGINAÇÃO: A BRINCADEIRA É LIVRE?

Autores

  • Mariana Cristina da Silva
  • Juliana Campregher Pasqualini

Palavras-chave:

Idade pré-escolar, Brincadeira de papéis sociais, Imaginação, Liberdade

Resumo

O estudo que ora se apresenta é parte integrante da dissertação de mestrado da autora que visou analisar o desenvolvimento da imaginação, enquanto função psíquica na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural. Esta análise teve por cerne a relação entre a referida função e a atividade guia do período, denominada idade pré-escolar, a saber, a brincadeira de papéis sociais. Neste trabalho, apresentamos as análises que concernem à seguinte questão: a brincadeira é livre? Isso porque partimos de uma generalizada aceitação de que a brincadeira na infância seja a expressão da rica imaginação infantil e que, justamente por isso, a brincadeira é livre, fruto da imaginação das crianças. Os objetivos estabelecidos foram: analisar o desenvolvimento da imaginação na sua relação com o desenvolvimento e a complexificação da brincadeira de papéis sociais; analisar as relações entre o desenvolvimento da imaginação e o desenvolvimento da conduta arbitrada na idade pré-escolar; analisar o desenvolvimento das regras internas à referida brincadeira e sua relação com a situação imaginativa desta; analisar o quão livre é a imaginação infantil e as ações das crianças nas brincadeiras de papéis. Metodologicamente, a pesquisa foi de natureza teórico-bibliográfica pautada na análise bibliográfica de corpus selecionado. Obteve-se por resultados que compreendemos a brincadeira de papéis sociais como um modo particular que a criança, enquanto indivíduo singular, tem de se aproximar da universalidade do gênero humano. O que está em voga para a criança não é a construção de um mundo que lhe seja próprio, de um mundo no qual ela seja livre para fazer tudo aquilo que seus desejos espontâneos e imediatos lhe determinam; pelo contrário, a brincadeira de papéis sociais é a forma pela qual a criança se apropria da realidade e passa a paulatinamente objetivar-se nela. O desenvolvimento da imaginação na idade pré-escolar não afasta a criança da realidade, mas a insere diretamente nela. Justamente por isso estamos entendendo que o desenvolvimento da imaginação possui íntima relação com o desenvolvimento da conduta arbitrada. Isso porque, conforme afirmado, a brincadeira se constrói a partir da criação de uma situação imaginária. Assim, a criança precisa agir em termos desta situação e não em termos daquilo que vê. Agir a partir daquilo que é imaginado exige um grande esforço da criança, promovendo, portanto, o desenvolvimento da conduta arbitrada. Consideramos que a liberdade na brincadeira é ilusória, porque os papéis assumidos pelas crianças contêm regras que lhe são implícitas: assim, a assunção do papel implica a assunção das regras que lhe são correspondentes. Ademais, as crianças assumem papéis reais de pessoas que atuam na realidade concreta, reforçando o vínculo entre o necessário desenvolvimento da situação imaginária da brincadeira, a realidade na qual a criança se insere e a assunção das regras internas da brincadeira, bem como o desenvolvimento da conduta arbitrada, pautada na referida situação imaginária.

Biografia do Autor

Mariana Cristina da Silva

Pedagoga, Mestra e Doutoranda em Educação Escolar – UNESP/Araraquara. Professora de Educação Infantil. mariana.c.silva@unesp.br. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1435253185128048.

Juliana Campregher Pasqualini

Professora do Departamento de Psicologia da UNESP/Bauru e do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da UNESP/Araraquara. juliana.pasqualini@unesp.br. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9538404415935536.

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Publicado

2022-12-08

Edição

Seção

Resumos